quinta-feira, 10 de março de 2011

Reflexões sobre o mundo contemporâneo

Após um longo tempo inativo, retorno para compartilhar mais uma postagem aqui no Mamayev Kurgan. Nestes últimos meses me faltou criatividade e ânimo para escrever aqui, peço desculpas para aqueles que acompanham o blog com frequência, se é que alguém faz isso... Hahahaha! Mas enfim, vamos ao post.

Reflexões
 
Lênin permanece atual
Há um bom tempo venho pensando sobre a situação do mundo contemporâneo e, toda vez que faço isso, a imagem de Lênin surge em minha mente. Principalmente por causa de suas teses sobre o Imperialismo e de sua firme crença no colapso do capitalismo internacional no início do século XX. Naquela época, há quase um século, o mundo vivia uma enorme crise civilizacional e não era privilégio do camarada Lênin o sentimento de que o sistema sócio-econômico-político estava prestes a desmoronar. Várias pessoas das mais diversas crenças e ideologias conseguiam interpretar os sinais dos acontecimentos à sua volta: ele apontavam, invariavelmente, à destruição dos velhos paradigmas e das velhas crenças do homem comum da Belle Époque. Disputas agudas entre nações por recursos estratégicos, revoltas populares fervilhando em antigos e tradicionais impérios, aumento da intolerância em relação ao outro, crescimento desproporcional do individualismo extremado, guerras, completa falta de valores éticos e morais, entre tantos outros problemas.

No entanto, a maioria das pessoas seguia suas vidas sem notar muita diferença. Ainda acreditavam em seus sistemas, em seus líderes e em suas velhas crenças. Achavam que as guerras, as revoluções, as disputas coloniais e as lutas pela independência nacional eram apenas pedras no caminho do inevitável progresso da civilização ocidental. Afinal, era isto que os meios de comunicação pregavam, que os governos e os líderes defendiam, que os professores ensinavam e que a sociedade como um todo concordava. O que devia ser feito para superar essa época era simplesmente eliminar os inimigos e os povos atrasados que interrompiam o caminho do desenvolvimento, com isto feito, a Belle Époque poderia ser mantida em toda sua glória e esplendor.

Aqueles que afirmavam (corretamente, diga-se de passagem) que uma era chegara ao seu fim eram colocados às margens e dificilmente eram ouvidos. O conservadorismo era forte, muito forte, pois as classes dominantes eram fortes e, aparentemente, inabaláveis em suas fortelezas luxuosas. E a ideologia destas classes, o liberalismo, era divinizada e entoada aos quatro cantos do mundo como a ideologia suprema que guiaria a raça humana ao progresso indefinido. Progresso, sempre o progresso. Palavra-chave para se compreender a Belle Époque, as últimas décadas do século XIX e as primeiras do XX. A humanidade tinha a crença aparentemente inabalável de que o capitalismo estaria sempre em expansão, sempre desenvolvendo mais e mais a civilização. Eram os anos dourados da ciência, da economia de mercado e da civilização ocidental como um todo.

A Primeira Guerra Mundial veio para sepultar todas estas crenças. O grande modelo civilizacional ocidental agora mostrava sua verdadeira face, a qual buscara esconder por tantas décadas. A face do ódio, da destruição, do genocídio, da ganância desmedida, da escravização, da tirania, do terror, do individualismo, do fanatismo. Milhões e milhões de companheiros lançados uns contra os outros em campos de batalha monstruosos. Bombas. Armas químicas e bacteriológicas. Extermínios. Execuções em massa. A grande bárbarie da guerra mundial chocou o mundo, e era apenas o começo.

Veio a maré da Revolução Russa. Liderada pelos bolcheviques, a revolução foi como um gigantesco terremoto que abalou o mundo inteiro. Em meio ao terror proporcionado pelo liberalismo "democrático", um farol de esperança despontava no arcaico Império Russo. A vitória do sofrido povo russo inspirou as pessoas de todos os cantos do globo, e uma conturbada época de levantes pela independência de várias colônias se seguiu, além do acirramento da luta de classes, mobilizando mais e mais trabalhadores em seus protestos e em suas lutas para libertarem-se dos grilhões imputados pela exploração de sua força produtiva. A velha ordem parecia ruir, e Lênin surgia como o grande profeta da renovação. A crise de 1929 e a desesperada resistência imputada pelo fascismo apenas pareciam confirmar o que o pequeno e astuto russo defendera em sua vida: o capitalismo tinha seus dias contados.


Bom, e neste momento o leitor se pergunta - e o que diabos isto tem a ver com o mundo contemporâneo? Eu respondo - tudo a ver. As semelhanças entre o ínicio do século XX e o início do século XXI são gritantes. Não digo que a história está se repetindo, mas que há alguns fatores em comum, ou melhor, há sinais em comum. Manifestações de intolerância e ódio, revoltas, guerras, conservadorismo exacerbado, crise econômica. Para onde olhamos há conflitos étnicos, revoltas populares, invasões injustas e de caráter neocolonial, manifestações e protestos em massa do proletariado, acirramento de concepções retrógradas do liberalismo (como redução dos direitos trabalhistas e cortes de gastos sociais), aumento da intolerância em relação às pessoas diferentes, falta de moral e princípios éticos, etc.

E, no entanto, somos bombardeados por "informações" que insistem em dizer o quanto estamos bem e como o capitalismo é benéfico e vem melhorando as condições do mundo, o único problema é que existe resistência, há inimigos bárbaros e monstruosos que impedem o progresso da civilização. São estes os terroristas ou os membros do Eixo do Mal, ou qualquer outra coisa que seja eleita pelo grande capital como ameaça. E é nisto que a maioria das pessoas acredita, acham que conservar o atual modelo é o único caminho, pois o capitalismo é, supostamente, o único sistema que "funciona". O liberalismo, o livre mercado, são intocáveis e voltaram com muito mais força após a queda da URSS.

Percebem a semelhança?

Vivemos em um momento de crise civilizacional aguda, e tais momentos compartilham semelhanças ao longo da história da humanidade. Mas a proximidade com o que ocorreu no século XX é ainda maior, pois é basicamente o mesmo modelo que está em crise novamente, o modelo liberal. Ele já se mostrou ineficaz anteriormente, com pelo menos três grandes crises (sendo a mais terrível a de 1929), e agora se mostra ineficaz novamente. Está mais que provado que o capitalismo gera contradições que o tornam insustentável, não só pelos escritos do velho Marx, como também pela própria experiência prática ao longo dos séculos. Seu sustentáculo reside no poder da classe dominante, a burguesia. Apesar de ter sofrido alguns baques com as lutas do século passado, ela ainda detém muita força e desalojá-la é uma tarefa árdua. Porém, sua decadência é clara. Pouco a pouco suas reservas são erodidas, a cada crise se enfraquecem mais.

Portanto creio que, por todos os sinais que observo no mundo contemporâneo, o século XXI será bastante conturbado e a luta de classes mais uma vez se acirrará. Os escritos de Lênin, em grande parte, continuam atuais e cabe aos movimentos comunistas de todo o mundo estudá-los com afinco para que possam se aproveitar deste momento de crise e de enfraquecimento da burguesia. Mais uma grande janela de oportunidade se abre aos militantes progressistas dos quatro cantos do globo, resta saber se será aproveitada. Para isto ocorrer, é necessário que haja uma clara compreensão dos erros do século passado, para que desta vez, os grilhões do capitalismo sejam finalmente destroçados e as classes e os povos oprimidos de toda a Terra possam elevar-se ao poder.

2 comentários:

  1. Morte ao imperialismo!
    Viva a Revolução!

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  2. Eis aqui o movimento revolucionário que promete acabar com este sistema escravista chamado "capitalismo"!! http://movimentozeitgeist.com.br/

    Viva a Revolução!

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