sexta-feira, 16 de julho de 2010

Urgente: Suspeita de falsificações em massa nos arquivos soviéticos!

O mês passado foi marcado por confusões e controvérsias na Rússia. Após Viktor Ilyukhin, parlamentar da Duma russa, revelar uma série de sinistras falsificações nos arquivos da Federação Russa relacionados aos tempos soviéticos. Não há nada certo ainda, mas o membro do PCFR (Partido Comunista da Federação Russa) exigiu sérias investigações parlmentares sobre o assunto. Relatarei a seguir, as informações que recebi do pesquisador sueco, Sven-Eric Holmström, que vem acompanhado a situação da Rússia através de colegas seus dedicados ao caso de Katyn. Sinto dizer que não consegui traduzir muito bem, muito em função da pressa para espalhar a notícia. Portanto creio que o texto ficou bem confuso e meio estranho de ler, porém dá para captar sua essência.

Katyn 28 de Maio – 18 Junho

Parte I

Em 20 de Maio de 2010, uma pessoa anônima ligou para o membro da Duma Russa, Viktor Ilyukhin, e disse que tinha algumas coisas a dizer com relação às execuções de oficiais poloneses em Katyn. Ilyukhin conheceu esta pessoa no mesmo dia e, durante o encontro, ele revelou seu nome e disse que estava diretamente envolvido com falsificações de documentos do arquivo russo, incluindo documentos relacionados à Katyn. Entre outras coisas, a “Carta de Béria No. 794/B” e a “Carta de Shelepin” de 1959, foram falsificadas por ele e seu grupo.

Este grupo foi especialmente formado durante os tempos de Yeltsin, trabalhando no começo dos anos 90 em uma vila chamada Nagornoye (eles ficaram em uma dacha que havia sido usada anteriormente por membros do Comitê Central do Partido Comunista). O grupo fora bem pago e provido com vários tipos de produtos. Eles tinham à disposição um conjunto de velhos carimbos e fôrmas soviéticas.

O informante anônimo (o nome não é revelado neste momento por questões de segurança) disse como as falsificações foram feitas. Eles falsificaram até as assinaturas de antigos líderes soviéticos. Também falsificaram o ato de abdicação de Nicolau II. Este grupo trabalhou até 1996, quando eles foram movidos de Nagornoye para a vila de Zaretye.

Pessoas envolvidas neste grupo eram o Coronel Klimov (o qual esteve diretamente envolvido com a falsificação da “Carta de Shelepin”), o chefe do arquivo Russo Rudolf Pichoya, o colaborador mais próximo de Yeltsin M. Poltoranin, e o chefe da segurança do presidente russo G. Rogozin. Rudolf Pichoya era, aliás, o indivíduo que, sob as ordens de Yeltsin, entregou documentos do “pacote fechado no. 1” (a chamada pasta de Katyn) a Lech Walesa em Varsóvia, no dia 14 de Outubro de 1992.

O informante também disse que até onde ele sabe, até empregados do 6º Instituto do Estado-Maior Russo (com Molchanov como chefe) trabalhavam de maneira similar.

De acordo com as informações, centenas de documentos relacionados a importantes momentos da história soviética foram falsificados. Eles também distorceram o conteúdo de outros documentos. Para apoiar suas alegações ele apresentou uma série de fôrmas dos anos 40, carimbos falsos, marcas de carimbo em papel, entre outras coisas. Ele prometeu entregar mais materiais.

Viktor Ilyukhin mandou duas cartas (26 e 28 de Maio) sobre isso ao líder do PCFR (Partido Comunista da Federação Russa), Gennadiy Zyuganov, com um pedido para continuar as investigações e clamando pela participação de mais cientistas e acadêmicos neste assunto.

Parte II

Em 3 de Junho de 2010, um video foi lançado de Viktor Ilyukhin revelando oralmente o que ocorrera.

No vídeo ele menciona as últimas informações as quais recebera do informante anônimo. Ele mostra algumas fôrmas vazias (entre outras, uma parecida com a que foi feita para a “transcrição de Béria”), ele mostra todos os carimbos que de acordo com as informações, são falsos.

Ilyukhin também fala sobre o documento de 202 páginas que contém correspondências de Stálin e relatórios para ele de 1941. O objetivo desta farsa em particular era inserir o máximo de informação possível nos documentos, para que mostrasse que a inteligência soviética sabia perfeitamente da guerra que se aproximava já na primavera de 1941, e que Stálin fora avisado e mesmo assim ignorou todos os avisos.

O informante disse que ele não conseguia mais acompanhar com calma os eventos que as falsificações causaram. Ele também disse que toda vez que mencionavam os documentos os quais seu grupo havia formado, sentia uma reação irônica. O homem também disse que fora ele que falsificara a assinatura de Béria na “Carta de Béria no. 794/B”. Ao mesmo tempo, as assinaturas de Stálin, Voroshilov, Molotov e Mikoyan foram postas na mesma carta.

O homem disse que o Coronel Klimov fora o único responsável pela “Carta de Shelepin” para Kruschev “de 1959”. Não deverá ser difícil comparar esta carta com outras que Klimov escreveu, para assim comparar sua letra e fazer um estudo técnico acerca dela. De acordo com o vídeo, algumas ordens de falsificação vieram diretamente do chefe do arquivo, Rudolf Pichoya. Todos os documentos falsificados são relacionados às décadas de 30 e 40, i.e. apenas a época soviética.

No vídeo foi dito que os falsificadores trabalharam na vila de Nagornoye entre 1991 e 1996, depois mudaram para um local não muito distante dali. O informante não exclui a possibilidade do grupo ainda estar na ativa. Este grupo produziu centenas de milhares de páginas de documentos falsificados que foram postos em circulação.

Ilyukhin termina o vídeo afirmando: “Não há mais qualquer credibilidade restante para os arquivos russos”.

Parte III

Em 16 de Junho de 2010, Ilyukhin levou à Duma estas novas revelações.

Ele disse que o PCFR tem informações acerca de tamanhas fabricações que estas devem ser completamente controladas por uma investigação parlamentar. O propósito destas falsificações feitas durante os anos 90 deve ter sido o de igualar o Stalinismo ao fascismo.

Ilyukhin repetiu a informação de que pessoas do 6º departamento de Estado-Maior das forças armadas também estavam envolvidas em atividades de falsificação. A atividade deste grupo coincidiu com a desclassificação de documentos do Politburo e do Comitê Cental do Partido Comunista por uma comissão de governo liderada por Mikhail Poltoranin.

Eles chegaram a conclusão de que o chamado “Testamento” de Lênin é forjado. Entre outras falsificações estão os documentos relacionados à abdicação de Nicolau II e à suposta participação de Stálin como agente da polícia secreta do Tzar (ochrana).

Ilyukhin disse que agora é possível constatar que a “Carta de Béria” de 5 de Março de 1940 é falsificada. Ele mostrou a opinião de um especialista. Também a transcrição da decisão do Politburo, a qual é concedida a permissão para a execução dos poloneses, é fabricada. Ele também apresenta a opinião de um especialista sobre o documento da dita cooperação entre o NKVD e a Gestapo, a conclusão é que também é uma farsa. Ilyukhin demonstrou grandes preocupações por esta situação de que muitos documentos haviam sido forjados, já que dá uma imagem errada aos estudiosos de eventos que aconteceram há pouco tempo “em nossa história”, como ele colocou.

Ele disse que provavelmente ele teria se restringido a fazer comentários sobre falsificações em larga escala, se isto não fosse apoiado pelo fato de que Dimitry Volkogonov entregou centenas de documentos ultra-secretos à Biblioteca do Congresso dos EUA nos anos 90. Os documentos do arquivo russo estão “certamente vagando livremente por toda a Europa”, como Ilyukhin disse.

Ele mencionou os falsos carimbos que ele tem em sua posse, incluindo carimbos das assinaturas de Béria e Stálin, e que há fôrmas vazias dos anos 30 e 40 as quais foram utilizadas para fazer tais documentos.

Ele também mencionou o “caso especial no. 29” de 1941. Alguns destes documentos foram legalizados, infelizmente, ele diz. A pasta contém inscrições: “arquivado para sempre” e “não sujeito à desclassificação”, no entanto estes documentos estão fora do arquivo.

Recentemente Sergey Mironenko, gerente no Arquivo do Estado Russo, disse que estas coisas jamais poderiam ter acontecido e que Ilyukhin estava espalhando pura fantasia. Ilyukhin disse que está preparado para resignar da Duma se Mironenko puder provar que estes documentos nada têm a ver com os eventos das décadas de 30 e 40. Se Mironenko falhar, deverá largar seu posto.

Ilyukhin defende a questão acerca da necessidade de se conduzir uma nova investigação parlamentar sobre o massacre de prisioneiros de guerra poloneses em Kozi Gory e sobre a falsificação de outros documentos históricos.

No futuro próximo, ele sugerirá uma mudança legislativa na Rússia, a qual considerará um crime a falsificação de documentos de grande importância histórica.

Ilyukhin diz que é errado achar que isto tudo tem a ver com passado. Tem tudo a ver com o nosso tempo presente, ele conclui.

Parte IV

O PCFR realizou uma conferência de imprensa sobre este assunto em 18 de Junho de 2010.

Yuri Mukhin relata sobre a conferência em sua página na internet. Ele disse que a maioria das pessoas ali reunidas estavam interessadas em saber quem havia contatado Viktor Ilyukhin e confessado. Ilyukhin explicou que esta pessoa está correndo grande perigo. Mukhin conversou brevemente com Ilyukhin depois da conferência, quando Ilyukhin estava a caminho de outro lugar. Ele chegou às conclusões que seguem:

A pessoa anônima realmente teme por sua vida e está se escondendo por causa disso.
Ela não é nenhum lunático, mas sim uma verdadeira especialista em falsificações. Mukhin não pode dizer neste momento o que confirma esta afirmação, mas no tempo certo o povo saberá.
O motivo dela é a dor de ver o que vem ocorrendo ultimamente em seu país. É um motivo pessoal que pode ser compreendido por uma perspectiva humanista. Quando ela for mais bem conhecida, as pessoas eventualmente entenderão seus motivos.

Antes de Ilyukhin ir embora, ele ainda disse que esta pessoa anônima não foi a única que confessou, mas na pressa, Mukhin não teve tempo de pegar uma explicação sobre isto.

Na conferência de imprensa havia representantes da mídia polonesa e de pessoas do “Memorial” russo. Um jornalista polonês tentou argumentar contra Ilyukhin dizendo que a execução dos oficiais poloneses é confirmada pelas escavações em Kharkov e Mednoe. Ilyukhin respondeu que na URSS apenas “criminosos poloneses” foram executados. Mukhin, no entanto, acha este argumento um tanto ao quanto inadequado. A resposta deveria ter sido que um tribunal não teria uso nenhum para conclusões de alguns escavadores desenvolvidas durante uma comissão desprovida de provas concretas.

Por exemplo, Mukhin diz que eles deveriam explicar porque entre os 162 crânios encontrados em Kharkov, apenas 62 buracos de bala foram encontrados. Enquanto que os mortos em Katyn, em sua maioria, apresentavam buracos de bala. Em Mednoe, 226 “poloneses” mortos foram encontrados, mas apenas 20 tinham buracos de bala.

A exumação faz parte do processo judicial; tudo encontrado deve ser devidamente documentado, descrito, fotografado e coletado. Todas as provas devem então ser empacotadas, protegidas contra a destruição e preservadas até que possam ser apresentadas em tribunal, o qual então deverá decidir o caso.

Nikita Petrov do Memorial russo, tentou representar o caso inteiro como relatando-se a “um falsificador amador que fez algum dinheiro com suas fabricações, mas que não tem nada a ver com os documentos de Katyn.”.

Mukhin argumenta contra esta posição. Ele diz que apenas um indivíduo jamais pode fazer falsificações tão avançadas como são as deste caso. Mukhin diz que antes que você possa vender algo, primeiro tem que comprar. Entre outras coisas, os falsos carimbos devem ser pagos. O papel genuíno antigo dos anos 30 e 40 deve ser adquirido (com composições e texturas específicas). Então há o trabalho de colocar todos estes documentos e pequenas notificações aqui e ali, o que consome bastante tempo.

Além disso, máquinas de escrever daquele período devem ser adquiridas (por exemplo, do escritório de Béria). Isto é algo que não é feito sem consideráveis problemas. Para fazer isto você deve encontrar documentos no arquivo da KGB sobre entregas de máquinas de escrever, depois descobrir qual tipo de máquina foi entregue aos escritórios de Béria, para então ir a uma loja de antiguidades para encontrar aquele tipo específico de máquina.

E finalmente, você está gastando muito tempo e dinheiro para produzir, por exemplo, a “Carta de Stálin ao Estado-Maior do Exército Vermelho”, mas então você deve vender o documento. Mas para quem? Todos entenderão que o documento é roubado, mesmo que não seja falso. Os estudiosos estão interessados no texto do documento, e nunca pagariam grandes quantias de dinheiro por documentos. É mais conveniente, e também sem maiores gastos, colocar os documentos diretamente nos arquivos. Porque alguém compraria um documento falso, para então cometer também um crime?

De acordo com Ilyukhin, eles têm medo pela vida da vítima. “A testemunha será apresentada à investigação, caso esta seja conduzida nos mais altos níveis governamentais”, disse Ilyukhin.

Ilyukhin também disse que “os participantes do grupo de investigação independente também estão sujeitos à pressão, portanto é sugerido que eles oficialmente retirem seus depoimentos”.

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Continuem acompanhando o blog para novas notícias acerca das falsificações.

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