quarta-feira, 13 de outubro de 2010

102 anos do nascimento de Enver Hoxha

No dia 16 de outubro de 2010, completa-se 102 anos do nascimento do líder comunista albanês, Enver Hoxha. Nascido em Gjinokaster no ano de 1908, Hoxha completou seu curso primário em sua cidade natal e, o secundário, em Korçe. Seguiu então para a França, onde ingressou no curso de Filosofia. Porém devido a problemas financeiros, ele teve de largar os estudos. Trabalhou então no consulado Albanês na Bélgica. Ficou no exterior até 1936, quando foi nomeado professor no Liceu francês de Korçe.

Permaneceu como professor até o fatídico ano de 1939, quando a Itália de Mussolini invadiu a Albânia. O então Rei Albanês, Ahmet Zogú, entregou o país de mãos beijadas ao Duce, o que obviamente gerou revoltas e manifestações populares contra o regime. Hoxha foi um participante resoluto destas manifestações, sendo logo demitido de seu cargo por recusar a ingressar no recém criado Partido Fascista Albanês e por se opor ao governo.

Desempregado, Hoxha abriu uma tabacaria em Tirana. Local que logo se transformou em um ponto de encontro da resistência anti-fascista albanesa. Metido em todo o tipo de atividades clandestinas contra o fascismo, Enver Hoxha começou a se tornar um líder entre os que lutavam pela libertação nacional e, consequentemente, passou a ser perseguido pela polícia do regime.

A 8 de novembro de 1941, junto com vários camaradas militantes, fundou o Partido Comunista da Albânia - que no futuro se tornaria o Partido do Trabalho da Albânia. Sob a liderança dos comunistas, formou-se o Exército de Libertação Nacional, em 1942. Tal exército estava incumbido de combater os fascistas, derrubar o velho Estado e construir um novo regime que se baseasse nas aspirações populares. Em 1943, por suas notáveis capacidades de liderança e por sua bravura, Enver Hoxha foi nomeado Comissário Geral do Exército de Libertação Nacional, passando a comandar milícias populares em importantes campanhas na encarniçada guerra contra os fascistas e as velhas forças reacionárias albanesas.

Neste mesmo ano, a Itália já enfraquecida e prestes a capitular deu lugar às tropas da Wehrmacht alemã. Em 1944, com o inimigo já desgastado e o prestígio de Hoxha em alta, ele foi nomeado Comandante em Chefe do Exército de Libertação Nacional e Presidente do Comitê Anti-Fascista - que tinha as atribuições de um Governo Provisório. Após a fracassada ofensiva fascista de junho de 1944, a resistência partisan albanesa lançou uma violenta contra-ofensiva que basicamente minou a força dos invasores e dos reacionários. Em outubro do mesmo ano, foi realizada a Conferência de Berat, a qual designou Hoxha como o Primeiro Ministro da nação em formação, cargo que deteve até 1954.

Após o fim da Guerra, Enver Hoxha liderou a nação em um profundo processo revolucionário. As terras foram coletivizadas, as empresas e os meios de produção, nacionalizados e socializados. Iniciou-se o processo de industrialização e modernização da nação. A Albânia, antes um paupérrimo reinado semi-feudal, logo transformou-se em um país moderno e com uma economia em franco crescimento. O analfabetismo foi erradicado, assim como o desemprego. O sistema de saúde e o sistema educacional passaram por reformas gigantescas, transformando-se em serviços de primeira qualidade e gratuitos para a população. Novas técnicas agrícolas possibilitaram a expansão da agricultura albanesa, tornando a nação auto-suficiente e livre da fome. O desenvolvimento industrial foi grande também, chegando ao ponto em que a pequena República Albanesa exportava maquinaria para países capitalistas como a Itália. O regime de trabalho foi reduzido a sete horas diárias, os trabalhadores passaram a gozar de avançados direitos trabalhistas e o padrão de vida do povo elevou-se de maneira expressiva.

Além de seu papel na construção da nova Albânia, Hoxha também teve corajosa atuação no cenário internacional. Comunista fervoroso e sempre fiel aos seus ideais, foi um dos primeiros a denunciar o oportunismo dos revisionistas kruschevistas. O papel do albanês como teórico marxista pode ser muito bem definido como um antirrevisionista resoluto, defensor incansável do marxismo-leninismo.

Uma de suas maiores façanhas ocorreu em 1960, durante o encontro de 81 partidos comunistas de todo o mundo em Moscou. Em seu discurso, o comunista albanês desferiu graves críticas contra a política revisionista soviética, peitando de frente o social-imperialismo de Kruschev e companhia. A Albânia então rompeu relações com a URSS, sendo logo apoiada por Mao Tsé-Tung e os comunistas chineses. Em uma reviravolta tremenda, Hoxha também rompeu com os chineses em meados da década de 70, acusando-os do mesmo mal soviético: o chauvinismo de grande Estado. Ou seja, o imperialismo, a pretensão de se impor sobre outras nações menores.

Em 11 de abril de 1985, após mais de quarenta anos de dedicação à causa comunista e ao seu país, Enver Hoxha faleceu em Tirana, aos 76 anos de idade. A nação inteira chorou a perda de um dos seus maiores filhos. Poucos anos após sua morte, a República Popular da Albânia entrou em convulsão, tomada por uma violenta guerra civil, na qual a reação saiu vitoriosa. Hoje, é o país mais pobre da Europa e totalmente dependente do capital estrangeiro. Mais uma vítima da contrarrevolução capitalista no Leste Europeu, que desde seu triunfo já causou mais perdas humanas do que a mídia ocidental gosta de atribuir aos comunistas.


Enver Hoxha foi um dedicado comunista, tanto teórico como prático. Dedicou sua vida à revolução e ao combate contra o revisionismo. Como todos os homens, teve seus erros e problemas. Todavia o legado da Albânia é patrimônio dos trabalhadores de todo o mundo, algo que deve ser estudado com atenção especial, pois nesta rica experiência socialista, assim como em todas as outras, há muitas lições para serem tiradas para a luta presente e para um programa socialista que leve em conta todas as especificidades do mundo contemporâneo e do século XXI.

Para mim, o maior legado de Enver e da Albânia são os órgãos de Controle Operário. Nestas organizações de trabalhadores há o germe para uma sociedade mais democrática e justa que, infelizmente, Enver e seus camaradas não souberam aproveitar de uma maneira mais profunda. Todavia, elas deram bastante poder aos trabalhadores dentro de seus respectivos locais de trabalho, concentrando o poder de decisão nas mãos de assembleias de trabalhadores. Além disso, o Controle Operário servia como órgão de fiscalização contra a corrupção, a burocracia, a baixa produtividade e como veículo de discussões e críticas acerca do ambiente de trabalho e de todas as questões relativas ao trabalho.

Concluo esta homenagem com algumas palavras do velho Hoxha:

"A intensificação da luta ideológica de classe é ditada, igualmente, pela necessidade de libertar, sob todos os aspectos, as capacidades físicas, intelectuais e espirituais de todos os trabalhadores, em particular das mulheres e dos jovens, para os aliviar do pesado fardo dos preconceitos antigos, a fim de permitir que o seu ímpeto revolucionário se exprima com uma força irresistível, em todos os domínios de atividade. O ideal do socialismo é libertar os trabalhadores, não só do jugo social e econômico, mas também da escravatura espiritual das ideologias estranhas ao socialismo. O socialismo é o único sistema que cria todas as possibilidades para a emancipação do homem e que está à altura de a realizar completamente." (Enver Hoxha em A Luta Ideológica e a Educação do Homem Novo)

Albaneses no túmulo de Hoxha, prestando homenagens nos 101 anos de seu nascimento, em 2009

6 comentários:

  1. Antes de mais considero que a forma entusiasta e frenética com que defendes um regime que já não existe em nenhuma parte do mundo é no minimo ridicula, não só porque mentes e tambem porque revelas umm fundamentalismo aliado á mentira.
    De facto a tua estratégia não é relatar a história mas sim reescreve-la de acordo com aquilo que gostavas que tivesse acontecido um pouco uma utopia á imagem do comunismo.
    Mas falando agora em realidade convido-te a ler uma comentario(blog abaixo) de uma camarada tua acerca de uma visita por ela realizada á Albania em 1983 ou seja durante o periodo de Enver Hoxa o homem que criou a palavra fome na Europa.

    Cumprimentos de Portugal-franciscocarlostaveira@hotmail.com

    http://pravdailheu.blogs.sapo.pt/338951.html

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  2. Que tal você ler "O Socialismo na Albânia" De Jayme Sautchuk ou "Albânia: Horizonte Vermelho nos Bálcãs" de Luiz Manfredini. Engraçado é que ambos passaram um bom tempo visitando os quatro cantos da Albânia, e o que encontraram foi um país se desenvolvendo a largos passos. O livro de Manfredini então é cheio de estatísticas e dados acerca do regime albanês, não simples palavras.

    E se era uma ditadura fascista, como você explica a revolta popular contra a ditadura burguesa que se instalou lá no início dos anos 90? Revolta em que a maioria da população (cerca de 1/3) aderiu a um grupo chamado "Partisans Enver Hoxha", pegando em armas para derrotar o governo. Conquistaram boa parte do sul do país, e a cada território conquistado, implantavam assembléias populares semelhantes às da época do socialismo. A vitória estava próxima, quando a OTAN resolver intervir por "razões humanitárias", atacando com violência a população e estabelecendo novamente a ditadura burguesa extremamente corrupta.

    Devia ser muito horrível essa "ditadura fascista" mesmo.

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  3. http://www.revolutionarydemocracy.org/Rdv3n2/albania.htm

    http://www.revolutionarydemocracy.org/rdv7n1/Albania.htm

    http://www.revolutionarydemocracy.org/rdv4n2/vlora.htm

    http://www.revolutionarydemocracy.org/rdv4n1/albania.htm

    Esses foram os links que consegui achar com artigos sobre a Albânia. Tenho muito mais. Mas preciso buscar no computador. No entanto, já dá uma ideia boa da revolta popular e de como o povo reconhecia Enver Hoxha e o Socialismo como algo positivo.

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  4. PQP!!!!! Existe alguem que ainda acredita nessa balela do comunismo?Apesar dos discursos aparentemente contrários, comunismo e fascismo são irmãos siameses. O autor tenta afirmar que a pobreza da Albania foi resultado da revolução que liquidou o totalitaismo. Não foi. Foi fruto desse totalitarismo.

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  5. Paulo Gabriel, vc é o típico utopista stalinista que acredita que Marx, Lenin e Stalin conseguiram criar depois que faleceram, uma espécie de paraíso metafísico para todos os "marxistas eternos" que já existiram neste mundo ...

    A grande propriedade psicológica que tipos como vc devem ter é um "total compromentimento pelo viés da confirmação com a ideologia marxista" para assim terem acessoo total a este paraíso esquerdista.

    Depois, vc deve ter em mente que suas convicções vão poder ter alguma resistência a qualquer argumentação fundadas na lógica objetiva e na interpretação da História a longo prazo pelas pessoas do futuro???

    Por fim, deixo aqui uma recomendação de um livro ótimo e que certamente deverá servir a vc [link abaixo]:

    http://www.travessa.com.br/propaganda-monumental-um-romance/artigo/4295a445-e990-425d-b02b-023f76f8436e

    Tchau e que algum dia vc consiga se libertar dessa "matrix comunista-mmarxista".

    ...

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  6. Dados sobre o livro indicado por mim:

    título: PROPAGANDA MONUMENTAL: UM ROMANCE
    título original: MONUMENTAL PROPAGANDA
    isbn: 9788576652755
    idioma: Português
    encadernação: Brochura
    formato: 16 x 23
    páginas: 381
    ano de edição: 2007
    ano copyright: 2004
    edição: 1ª

    autor: Vladimir Voinovitch
    tradutor: Denise Sales

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